Setembro! Tempo de Vindimas
Nas vinhas, a época das vindimas está no auge, a culminação de um ano inteiro de trabalho para cada produtor.
Este é o momento que define o ano vitícola. Tudo, desde a poda de inverno até à gestão da copa no verão, converge para estas semanas cruciais em que as uvas são finalmente colhidas.
A realidade da vindima
Os dias de vindima começam cedo e terminam tarde. Falamos de jornadas de 12 a 14 horas! Os nossos produtores processam toneladas de uvas (literalmente), quase inteiramente à mão. Na produção de vinho natural, o recurso a maquinaria é mínimo, talvez prensas e desengaçadores. Todo o resto é manual: apanhar, selecionar, esmagar. É um trabalho fisicamente exigente que requer total concentração e dedicação. Cada dia termina com a limpeza minuciosa de toda a adega. A higiene é fundamental, sobretudo quando se trabalha com quantidades mínimas de sulfitos ou outros conservantes, e por vezes, sem nenhum destes. No dia seguinte, o processo recomeça.
A pressão da escolha do momento certo
Na vinificação natural, a decisão da data de vindima tem um peso enorme. Não há margem para correções posteriores: as uvas têm de estar absolutamente perfeitas. Precisam de atingir aquele equilíbrio preciso entre açúcar e acidez que corresponde ao perfil de vinho que o produtor idealiza. Isto significa monitorização constante das uvas nas semanas que antecedem a vindima. Provas, análises, consulta das previsões meteorológicas e decisões tomadas com base em anos de experiência e num conhecimento íntimo de cada parcela da vinha.
O jogo de apostas da fermentação
Uma vez as uvas chegadas aos tanques, os produtores de vinho natural enfrentam outro desafio: a inteira dependência das leveduras indígenas presentes nas películas para iniciar a fermentação. Ao contrário da vinificação convencional/industrial, onde as leveduras comerciais garantem resultados previsíveis, a fermentação espontânea é, por natureza, imprevisível. Por vezes, a fermentação começa de imediato e decorre de forma exemplar; outras vezes, estagna ou nem sequer arranca. Quando isso acontece, podem perder-se milhares de litros de vinho. É um momento angustiante, mas faz parte do desafio que é a vinificação natural.
O que isto significa no seu copo
Cada vinho natural representa todo este processo extraordinário: o trabalho físico, as decisões cruciais no momento certo e o salto de fé exigido quando se trabalha com mínima intervenção. Estes vinhos transportam consigo a história do ano e da sua vindima de uma forma que os vinhos industriais simplesmente não conseguem.
À medida que fechamos a época das vindimas, lembramo-nos porque é que os vinhos naturais ocupam um lugar tão especial nos nossos corações. Representam um compromisso com métodos tradicionais e uma disposição para aceitar os riscos que advêm de deixar a natureza assumir o comando.
Nos próximos meses, receberemos novos vinhos da vindima, cada um deles um testemunho da dedicação e da arte dos nossos fantásticos produtores!